Em 2022, se iniciará uma das maiores transformações da educação brasileira: o Novo Ensino Médio.
Neste artigo, você vai conferir tudo sobre essa modalidade: as mudanças na legislação, os pré-requisitos, os principais eixos, o impacto sobre a carreira docente e um exemplo de aplicação em Brasília. Assim, continue a sua leitura para conhecer melhor esse tema.
O que é o Novo Ensino Médio?
Implementado pela lei 13.415/2017, o novo formato do ensino médio pretende modernizar a aprendizagem dos estudantes. Em suma, as metas principais são valorizar a autonomia, o protagonismo e o projeto de vida dos alunos durante a educação formal desse nível.
Além disso, a mudança no currículo estará alinhada com os conteúdos da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para o primeiro, segundo e terceiro ano. A saber, a lei não altera a formação geral dos conhecimentos presentes nesse documento para o ensino médio. Assim, eles ainda farão parte dos saberes exigidos na escola.
Entretanto, podemos afirmar certamente que o mecanismo mais original dessa reforma será a possibilidade de o estudante escolher o que vai estudar, como você verá a seguir.
Itinerários formativos
O percurso escolar do Novo Ensino Médio ocorrerá também pela escolha individual de “caminhos de aprendizagem” – os itinerários formativos. Nesse sistema, o aluno selecionará uma das seguintes opções para estudo complementar, associadas às áreas do conhecimento:
- linguagens e suas tecnologias;
- ciências da natureza e suas tecnologias;
- matemática e suas tecnologias;
- ciências humanas e sociais aplicadas;
- formação técnica e profissional.
Os itinerários formativos serão ofertados em 2022, mas só obrigatoriamente implementados em 2023. Ademais, as redes públicas e privadas de educação terão autonomia para disponibilizá-los em suas escolas e adaptá-los de acordo com a realidade local e com os recursos físicos e humanos. Isso pode ser feito por meio de disciplinas específicas, workshops, seminários, projetos ou outras situações pedagógicas. Nesse sentido, incentiva-se que esses percursos de aprendizagem trabalhem com um ou vários dos seguintes tópicos:
- investigação científica;
- processos criativos;
- mediação e intervenção sociocultural;
- empreendedorismo.
Para viabilizar a reforma curricular, prevê-se o aumento da carga horária total do ensino médio para até 1800 horas no que se refere à formação básica, além de por volta de 1200 horas reservadas para os itinerários formativos. Desse modo, o objetivo é associar a implementação do Novo Ensino Médio à expansão da educação integral no Brasil, o que cumpriria a iniciativa proposta na Meta 6 do último Plano Nacional de Educação.
Projeto de vida
A proposta do Novo Ensino Médio prevê a instrução de conhecimentos com aplicação prática para o presente e o futuro dos alunos, em um currículo mais flexível com o qual possam se aprofundar na área de estudo de mais afinidade. Dessa maneira, a escola se tornaria um centro de ensino mais adaptado ao século XXI, que é um período de rápidas e intensas transformações sociais e tecnológicas. A obrigatoriedade do ensino da língua inglesa, trazido por essa lei, é um sinal dessa característica (as escolas poderão oferecer outros idiomas caso tenham necessidade).
Essa renovação surge como uma reação ao modelo anterior tradicional e generalista, no qual o aluno tinha contato com uma enorme gama de conhecimentos. Porém, em grande parte dos casos, os estudantes se formavam na escola sem a base de uma aprendizagem significativa e dotados temporariamente de informações que não teriam valia para o seu projeto de vida.
Isso é particularmente grave se considerarmos a desigualdade existente no Brasil, além da falta de perspectiva de muitos dos nossos jovens, do baixo desempenho escolar e da alta taxa de evasão da educação formal. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2020, cerca de 65% dos brasileiros concluíram o ensino médio na idade adequada. Esse número chega a 51% nas classes sociais mais pobres.
Ao contrário, no novo formato de ensino médio alinhado com a BNCC, cada área do conhecimento terá habilidades específicas e competências associadas com os assuntos discutidos em sala de aula. Assim, os alunos estarão mais preparados para organizar a sua vida, atuar futuramente no mercado de trabalho e promover a cidadania.
Mudanças sobre os professores
O estabelecimento do Novo Ensino Médio também provocou algumas mudanças para a carreira dos professores. Primeiramente, como mencionado, as aulas terão de estar conectadas a habilidades e competências previstas na BNCC, o que cria um desafio para a ação didática dos docentes.
Além disso, no caso do itinerário formativo da educação profissional, será permitido o trabalho de professores não-formados em licenciatura, mas que tenham notório saber nessa área. Por exemplo, um engenheiro mecânico poderá ministrar aulas sobre mecânica básica aos estudantes do ensino médio que optarem por essa possível trilha de aprendizagem.
O Novo Ensino Médio no Distrito Federal
Segundo a lei 13.415/2017, cada unidade da Federação organizará essa modalidade gradualmente, de acordo com as suas necessidades e características. Contudo, reserva-se a obrigatoriedade de implementação das ideias gerais do programa. Por exemplo, falemos agora do planejamento do Distrito Federal para essa transformação. A saber, Brasília já iniciou a reforma curricular do ensino médio em escolas-piloto desde 2020. Adiante, o cronograma adotado pelo GDF é o seguinte:
- 2022: implementação na primeira série.
- 2023: consolidação da primeira série e implementação na segunda série.
- 2024: implementação e consolidação em todas as séries do ensino médio.
Na capital federal, essa modalidade adotará o regime de semestralidade, o que dividiria o nível total em seis semestres. O percurso escolar será feito por meio de créditos, em sistema semelhante ao das universidades. Um crédito equivaleria a uma aula semanal de cinquenta minutos e 16h40m por semestre. Assim, cada semestre reuniria 30 créditos, sendo 17 da formação geral da BNCC e 13 dos itinerários formativos. No cômputo final, serão 1700 horas para a formação geral e 1300 horas para os eixos complementares.
Além disso, a nova organização do ensino médio no Distrito Federal trará consigo um novo formato de avaliação dos estudantes. Ele ocorrerá a partir de “objetivos de aprendizagem”, o que possibilita um acompanhamento direto do rendimento dos alunos e o estabelecimento de intervenções pedagógicas pontuais para reforçar os seus conhecimentos. Logo, em caso de reprovação anual como no modelo atual, o aluno só teria de refazer alguma disciplina do semestre.
Itinerários formativos em Brasília
Por fim, o Novo Ensino Médio no Distrito Federal terá quatro itinerários formativos a serem escolhidos pelos estudantes, em arranjos diversificados. Confira a seguir.
1) Projeto de vida
Momento para refletir sobre o presente e o futuro dos estudantes, a fim de que tomem decisões assertivas e conscientes ao longo da vida. É desenvolvido ao longo dos seis semestres do ensino médio.
2) Língua espanhola
Formação e ensino da cultura e língua hispânica, a fim de potencializar os conhecimentos do estudante e prepará-lo para o mercado de trabalho.
3) Eletivas orientadas
Projetos e oficinas semestrais para o desenvolvimento de habilidades das diferentes áreas do conhecimento. Aqui entram também a educação profissional e tecnológica, cursos técnicos e cursos de formação inicial e continuada.
4) Trilhas de aprendizagem
Aulas direcionadas para aprofundar a aprendizagem das disciplinas da formação geral, relativas às diversas áreas do conhecimento e à educação profissional e técnica. As trilhas serão ofertadas a partir do terceiro semestre.
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