Competência 2 da redação do ENEM

competência 2 da redação do ENEM

O Exame Nacional do Ensino Médio requer do aluno uma rica produção textual, como é exigido na Competência 2 da redação do ENEM.

Neste resumo, você vai conhecer o que é esta competência, quais os critérios de sua correção, dicas para desenvolvê-la no seu texto e um exemplo de uma redação que tirou nota mil no ENEM. Dessa forma, continue com a leitura para descobrir.

Competência 2 da redação do ENEM: fundamentos

Primeiramente, a Cartilha de Redação do ENEM prevê cinco competências a serem trabalhadas pelos estudantes, cada uma com valor de até 200 pontos. A saber, a segunda dessas habilidades é “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa”.

Sobretudo, o modelo dissertativo-argumentativo se refere a um tipo textual no qual se apresenta uma argumentação clara em defesa de um ponto de vista (assim como uma proposta de intervenção). Entretanto, cabe apontar que este formato abarca mais do que uma exposição de ideias. Aqui, exige-se a produção de um texto que articule leitura e escrita sobre um tema proposto.

Critérios de correção da Competência 2

Adiante, a Cartilha do INEP estabelece o seguinte escalonamento de desempenho referente à produção escrita do aluno sobre a Competência 2 da redação do ENEM:

  • 200 pontos: Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um
    repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto
    dissertativo-argumentativo.
  • 160 pontos: Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom
    domínio do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e
    conclusão.
  • 120 pontos: Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio
    mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e
    conclusão.
  • 80 pontos: Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou
    apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo, não atendendo
    à estrutura com proposição, argumentação e conclusão.
  • 40 pontos: Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do
    texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outros tipos textuais.
  • 0 ponto: Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa. Nestes
    casos, a redação receberá nota zero e será anulada.

Dicas para trabalhar a Competência 2 da redação do ENEM

A principal dica para desenvolver bem a segunda competência é não fugir ao tema proposto na redação. Assim, leia com atenção o texto motivador (mais de uma vez) e reflita sobre como será a melhor maneira de abordar o assunto.

Enfim, isso significa articular uma série de argumentos e exemplos relevantes a fim de convencer o leitor acerca da sua opinião a partir da análise de dimensões variadas sobre o tema. Igualmente, a sua tese deve ser clara e resumir o seu ponto de vista em uma redação estruturada com introdução, desenvolvimento e conclusão.

Além disso, a Cartilha da Redação do ENEM deixa explícita a importância do domínio de um repertório sociocultural em sua escrita. Desse modo, é fundamental enriquecer os argumentos apresentados com referências pertinentes aos conhecimentos da cultura geral que se relacione com o tema abordado.

Para colocar estas dicas em prática, sugerimos que leia muitas obras literárias e redija muitas redações antes da prova, com foco no modelo dissertativo-argumentativo. Ao ler e escrever os textos, busque sempre identificar qual é a tese proposta pelo autor e os argumentos utilizados na escrita. Além disso, contratar aulas particulares de um professor é outra excelente medida para garantir a sua nota mil na redação do ENEM.

Exemplo de redação nota mil

Em último lugar, veja agora um exemplo de texto que atingiu a nota máxima e foi bem-sucedido em desenvolver a Competência 2 da redação do ENEM. Neste caso, apresentamos a redação da aluna Giovanna Dias, que na edição de 2021 versou sobre o tema “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”:

“Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza.

Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem. Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país.

Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.

Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser explorada.

Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem registro no país.

Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570 municípios brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a preservação da cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário de precária cidadania e desigualdade”.

Curtiu este resumo sobre a Competência 2 da redação do ENEM? Então, veja também o nosso artigo sobre a Competência 1.

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