Inconfidência Mineira

Inconfidência Mineira

A Inconfidência Mineira foi um movimento separatista que ocorreu na capitania de Minas Gerais, durante o período colonial, entre 1788-1792. Ela foi promovida por uma parte influente da elite mineira à época, descontente com a dominação portuguesa. Continue com a leitura para descobrir mais sobre este tema.

Antecedentes históricos

Primeiramente, a riqueza da capitania de Minas Gerais consistia na extração de ouro e diamantes. Logo, ela era um dos principais focos de atenção da Coroa portuguesa. Os oficiais reais impunham uma política fiscal dura contra os habitantes, exigindo uma tributação excessiva da riqueza ali produzida. A saber, essa iniciativa se agravou a partir do governo do Marquês de Pombal em 1750. Além disso, outro ponto de discórdia foi a proibição de criação de manufaturas na colônia.

A insatisfação dos mineiros com essa política fiscal já havia sido expressa na Revolta de Vila Rica em 1720, que foi duramente reprimida e teve seu líder, Filipe dos Santos, enforcado a mando do rei Dom João V.

Uma questão fundamental é a proibição da circulação de ouro em pó ou pepitas na Colônia. Desse modo, para combater o contrabando, a Coroa instituiu as Casas de Fundição, que deveriam fundir o ouro e transformá-lo em barras. Dessa produção, estabeleceu-se a cobrança do “quinto”. Ou seja, 20% de cada barra de ouro se destinaria a Portugal. Outra medida de cobrança foi a brutal “derrama”, na qual se captava forçosamente da população cem arrobas de ouro para reduzir os prejuízos financeiros da Coroa.

Ideais da Inconfidência Mineira

O movimento se inspirou fortemente nos ideais iluministas vigentes à época. Em especial, ele foi influenciado pela Independência dos Estados Unidos em 1776. Os inconfidentes eram republicanos e desejavam promover a separação da capitania do domínio português.

Assim, eles planejavam fazer uma revolta em Vila Rica (onde atualmente é Ouro Preto), que se espalharia para o restante da capitania de Minas Gerais e posteriormente para o Brasil, acuando a monarquia portuguesa. Além disso, eles advogavam medidas como:

  • realização de eleições periódicas;
  • instalação de manufaturas em Minas Gerais;
  • formação de uma milícia nacional.

Entretanto, o fim da escravidão, embora defendido por muitos inconfidentes, não era um consenso no movimento.

Principais líderes

O início da Inconfidência Mineira ocorreu nos governos de Luís da Cunha Meneses e do Visconde de Barbacena, governadores de Minas Gerais que expandiram a política fiscal portuguesa. Porém, a rebelião não tinha um líder único. Ao contrário, era composta de várias lideranças: os poetas Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga; o cônego Luís Vieira; o engenheiro José Álvaro Maciel; dentre outros. Dessa forma, todos eles eram importantes membros da elite mineira.

Contudo, o seu expoente mais célebre foi o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Apesar de sua figura desfrutar de uma grande mitologia e o seu papel na conspiração ter sido por muito tempo exagerado pela historiografia, o fato é que ele foi um importante propagandista do movimento em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Derrocada

A conspiração foi denunciada ao Visconde de Barbacena por um dos seus participantes, Joaquim Silvério dos Reis. Ele devia bastante dinheiro para a Coroa e traiu a Inconfidência para ter as suas dívidas perdoadas. Assim, a repressão se estabeleceu prontamente e os líderes inconfidentes foram presos e interrogados. A repercussão foi tamanha que a Rainha Maria I de Portugal teve de acompanhar diretamente o caso.

Os processos dos inconfidentes duraram, ao todo, três anos. As penas dos envolvidos envolveram prisão, exílio e morte. Apesar de várias condenações à forca, as penas da maioria foram comutadas para degredo e somente uma pessoa foi de fato condenada à morte: Tiradentes.

Morte de Tiradentes

Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, em maio de 1789. Como era um ativista bastante famoso da Inconfidência Mineira, ele sofreu a condenação à morte para servir de exemplo a todos que pretendiam se revoltar contra o domínio português.

O seu enforcamento ocorreu em 21 de abril de 1792, também no Rio de Janeiro. Em seguida, ele foi esquartejado e os seus membros foram dispostos na estrada entre a cidade e a capitania de Minas Gerais. Além disso, a sua cabeça foi enviada a Vila Rica para exposição na praça central.

Legado da Inconfidência Mineira

Por fim, considera-se ainda hoje Tiradentes como herói nacional e o dia de sua morte virou um feriado para todo o país. Para demonstrar o reconhecimento devido, a bandeira atual de Minas Gerais contém o símbolo e o lema dos inconfidentes: Libertas quae sera tamen – liberdade ainda que tardia. De maneira geral, a Inconfidência Mineira se tornou um símbolo de resistência contra a dominação e a opressão. Ela inspirou outros movimentos posteriores como a Conjuração Baiana e, em certa medida, a própria independência do Brasil em 1822.

Além disso, a história dos inconfidentes virou um exemplo de inspiração pelos movimentos republicanos, principalmente pelo grupo que instaurou a República no Brasil em 1889. Por outro lado, é relevante apontar também que a Revolução Francesa se deflagrou concomitantemente à revolta, o que demonstra uma onda internacional de rebeliões inspiradas no Iluminismo.

Contudo, é importante estabelecer limites para a glorificação do movimento. Existem dúvidas concretas sobre a intenção dos inconfidentes em libertar todo o Brasil, e não somente Minas Gerais. Outro fator é que a falta de um posicionamento comum contra a escravidão põe em xeque a imagem da Inconfidência Mineira como um símbolo da luta pela igualdade e liberdade.

Bibliografia

Livros

  • A devassa da devassa – Kenneth Maxwell
  • A formação das almas – José Murilo de Carvalho
  • História do Brasil – Boris Fausto

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