O iluminismo é uma importante escola filosófica da história mundial. Neste resumo, você vai conhecer o seu contexto histórico, os seus principais autores e obras, os seus temas abordados e o impacto que ele teve sobre a civilização. Assim, prossiga com a leitura para conferir.
Iluminismo: contexto histórico
O movimento iluminista foi uma corrente intelectual que despontou nos séculos XVII e XVIII. Por este fato, o décimo-oitavo século também ganhou a alcunha de “século das Luzes”. A saber, esse período foi marcado pelo predomínio dos regimes absolutistas na Europa, o qual é conhecido pela historiografia como Antigo Regime. Nesse sistema, o monarca detinha o poder absoluto e tinha o seu poder legitimado pelas outras classes privilegiadas da sociedade: a nobreza e o clero.
Entretanto, a desigualdade vigente nesse contexto começou a ser questionada pela própria dinâmica da evolução da civilização. Aquele também era um período de constantes descobertas científicas e de avanço da revolução industrial, o que estimulou uma parcela dos intelectuais a proporem novas formas de organização social e a criticar a ordem vigente.
Assim, a concentração de poder por parte do rei e a sua suposta legitimação religiosa (referendada pelo conceito de “direito divino dos reis”) foram atacadas pelos pensadores iluministas. Igualmente, eles trouxeram para o debate intelectual ideias como o antropocentrismo, o empirismo, a preferência pela ciência e a valorização da razão em detrimento da fé.
Dessa maneira, esse movimento intelectual (também conhecido como “Ilustração”) perpassou a política, a economia e a cultura, além de estabelecer a preferência pela explicação racional dos fenômenos, por meio do conhecimento científico. Nesse sentido, a Igreja e a religião foram grandes alvos de crítica pelos iluministas, os quais questionavam a sua predominância na sociedade e a frequente existência de guerras religiosas na Europa.
Expoentes
A defesa do racionalismo presente no iluminismo teve como precursores os filósofos Isaac Newton, Francis Bacon e René Descartes. Sobretudo, esses pensadores defendiam o mecanicismo, o empirismo, o cientificismo e a necessidade de se questionar tudo que for relevante. Assim, podemos citar os seguintes autores iluministas e as suas principais obras:
- Jean-Jacques Rousseau: “Discurso Sobre a Origem da Desigualdade” (1755), “Do Contrato Social” (1762) e “Emílio” (1762).
- Montesquieu: “Cartas Persas” (1721) e “O Espírito das Leis” (1748).
- John Locke: “Primeiro Tratado Sobre o Governo” (1660) e “Segundo Tratado Sobre o Governo” (1662).
- Voltaire: “”Cartas Filosóficas” (1734), “Tratado de Metafísica” (1736) e “Tratado Sobre os Costumes e o Espírito das Nações” (1756).
- Adam Smith: “A Teoria dos Sentimentos Morais” (1759) e “A Riqueza das Nações” (1776).
- Kant: “Crítica da Razão Pura” (1781) e “Fundamentação da Metafísica dos Costumes” (1785).
Cabe aqui ainda um apontamento: o pensamento iluminista pode ser resumido na obra “A Enciclopédia” (1751-1780), organizada pelos pensadores Diderot e D’Alembert. Este livro teve a contribuição de vários pensadores dessa corrente e agregou diversos assuntos referentes ao conhecimento humano.
Sociedade e governo
O movimento iluminista agregou diferentes expressões do pensamento entre os seus autores. Porém, é fato que a utilização da razão era o fio condutor de sua reflexão filosófica.
Primeiramente, John Locke a abordou em sua teoria política na qual propunha o rompimento com a ordem do Antigo Regime e o estabelecimento da liberdade e da propriedade privada como direitos naturais. Nesse sentido, esse autor estruturou uma crítica aos intelectuais que escreveram obras que legitimavam a dominação absolutista do Estado, tais como Maquiavel, Bossuet e Hobbes. Por outro lado, Locke tinha como objetivo a reflexão de como se poderia limitar a concentração de poder pelos reis.
Nessa mesma linha, Montesquieu também buscou defender uma sociedade e um governo racional. A saber, um dos seus principais postulados foi a criação da tripartição de poderes, na qual o sistema político deveria conter um equilíbrio entre poder legislativo, executivo e judiciário. Desse modo, a sua teoria política implica em um sistema político com freios e contrapesos, regido por uma constituição e avesso ao despotismo.
Estado de natureza e contrato social
Adiante, vários autores iluministas dissertaram sobre o conceito de “estado de natureza”, o qual representaria um período primitivo da história humana quando não existia Estado nem sociedade organizada. Para Locke, a passagem dessa condição para um governo racional deveria ser regida por um “contrato social” entre governo e sociedade civil que respeitasse os direitos naturais. Caso acontecesse o rompimento desse compromisso, como em uma situação de tirania da monarquia, o direito de revolta e de sua deposição seria legítimo.
Além disso, outro pensador do iluminismo se destacou na análise deste tema: Jean-Jacques Rousseau. Para este autor, o estado de natureza teria sido um momento no qual a humanidade era “pura” e sem injustiças (ideia de “bom selvagem”). Assim, a passagem para o estado de sociedade marcaria a transição para um governo que corrompe o caráter dos homens.
Por outro lado, este filósofo também se debruçou sobre temas como a desigualdade. Rousseau era crítico da burguesia e da ideia de propriedade privada como direito natural, o que o colocava em oposição a Locke. Em suma, ele advogava em sua obra a ideia de soberania popular, o que alargava a concepção sobre a democracia presente no século XVIII. Assim, ele foi considerado um precursor do romantismo e do socialismo.
Despotismo esclarecido no iluminismo
Todavia, é importante ressaltar que a teoria política iluminista também foi empregada por parte de seus filósofos como um argumento para uma dominação específica de um governante. Essa abordagem tem o nome de “despotismo esclarecido”, a qual pregava que um monarca poderia deter o poder absoluto desde que estivesse comprometido a liderar uma reforma modernizante do Estado.
Logo, esse movimento deveria estar baseado na razão, além de garantir aos filósofos iluministas o papel de conselheiros do rei. É possível citar dois famosos exemplos da aplicação do despotismo esclarecido: o governo do ministro português Marquês de Pombal e o reinado de José II da Áustria.
De fato, Voltaire foi o pensador que mais se associou a essa vertente. Notório crítico da Igreja e das instituições eclesiásticas, esse filósofo abominava a valorização da fé na sociedade e considerava que a razão deveria substituí-la como o valor essencial das relações entre os homens. Logo, ele estabelece aqui um novo conceito de moral, a qual também deveria ter como base a lei natural e os interesses construtivos. Dessa forma, seria possível atingir o progresso e a felicidade.
Economia
O iluminismo revolucionou a reflexão sobre a economia nos séculos XVII e XVIII. Assim, o mercantilismo, o monopólio e o metalismo característicos do Antigo Regime sofreram muitas críticas de pensadores como Quesnay, Turgot e Gournay.
Sobretudo, o maior expoente desse grupo foi Adam Smith, o qual propôs a adoção do “laissez-faire, laissez-passer” pelos governantes. Esse paradigma se consolidou como a base do liberalismo, o qual previa o livre comércio como o melhor caminho para a prosperidade das nações. Necessariamente, segundo a visão do autor, esse processo deveria ocorrer sob uma menor intervenção do Estado, o que aumentaria a liberdade econômica dos cidadãos.
Impactos
Por fim, o iluminismo gerou impactos decisivos para a história mundial em diversos continentes. De antemão, podemos apontar a sua influência sobre: a decadência do Antigo Regime; a independência dos países da América Latina; a substituição de monarquias absolutistas por constitucionais; a futura separação entre Estado e Igreja (estado laico); a ascensão do capitalismo e do liberalismo; a defesa da liberdade de expressão. Além disso, ele inspirou diversas revoltas e guerras, tais como:
- Revolução Americana (1776);
- Revolução Francesa (1789);
- Inconfidência Mineira (1789);
- Conjuração Baiana (1798);
- Revolução do Porto (1820).
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