A corrente conhecida como “filosofia medieval” é frequentemente cobrada em provas escolares. Esse movimento ocorreu durante a Idade Média (séculos V-XV), período marcado pelo cristianismo, pelo feudalismo e pela cavalaria. Assim, continue com a leitura para conhecer melhor o pensamento filosófico dessa época.
Filosofia medieval: fé e razão
Primeiramente, o principal mote dessa corrente era conciliar a doutrina da religião católica com a razão filosófica. Nesse período, por razões sociais e políticas, a grande maioria dos filósofos fazia parte do clero, o que tornava essa operação mais factível.
De fato, essa filosofia inspirou-se fortemente na tradição greco-romana. Se antes vários pensadores buscaram compreender o que era a verdade por meio da razão, agora procurou-se descobrir se existia uma explicação racional para a verdade divina. Naturalmente, como a Idade Média durou um milênio, esse pensamento teve diversas subdivisões e interpretações. Dessas, duas se destacaram pela importância e pela qualidade dos seus autores: a patrística e a escolástica.
Patrística (séculos IV-VIII)
Esse nome faz referência ao fato que os seus pensadores eram os “padres ou pais da Igreja”, ou seja, doutores de grande influência na tradição cristã. Nesse sentido, a Patrística teve um cuidado profundo de conciliar a filosofia grega de Platão com os ensinamentos da Bíblia e a teologia da época. Podemos citar os seguintes pontos de discussão:
- santíssima trindade;
- relação entre corpo e alma;
- imortalidade da alma;
- existência de Deus;
- pecado original.
Autores
Vários filósofos se destacaram nessa corrente, como Isidoro de Sevilha, Inácio de Antioquia, Irineu de Lyon e Ambrósio de Milão. Contudo, o pensador patrístico mais renomado foi certamente Agostinho de Hipona.
Agostinho, em sua vasta produção intelectual, discorreu sobre questões teológicas e também buscou refutar as heresias do seu tempo. Logo, o tom geral da sua obra tem como marca a supremacia da ação divina sobre o homem, o qual teria pouca autonomia para conseguir a salvação da própria alma após a morte.
Esse autor explorou bastante essa dualidade, estabelecendo por exemplo a teoria de uma “cidade de Deus”, de cunho espiritual e divino, na qual residiria a verdadeira justiça; e uma “cidade dos homens”, de caráter material e humano, que abarcaria as leis dos Estados.
Escolástica (séculos XII-XV)
Em um período posterior, as estruturas sociais já haviam se modificado bastante. Nos últimos séculos da Idade Média, observaram-se fenômenos como o crescimento urbano, as descobertas tecnológicas, o nascimento dos Estados europeus e o surgimento das universidades. Aliás, esse último fator foi decisivo para a construção de uma nova filosofia medieval, agora concentrada nas escolas e instituições ligadas ao saber.
A filosofia medieval escolástica prosseguiu o objetivo da patrística em justificar a fé pela razão e conciliar os dogmas cristãos com o pensamento racional, além de combater intelectualmente as heresias. Contudo, os escolásticos preferiram utilizar a obra de Aristóteles como guia de sua reflexão. Assim, entra aqui uma noção de um desenvolvimento empírico e científico do método filosófico.
Autores
Podemos citar como expoentes desse movimento os pensadores Pedro Abelardo, Anselmo da Cantuária, Bernardo de Claraval e Guilherme de Ockham. Porém, o filósofo escolástico de maior destaque foi certamente Tomás de Aquino.
Esse filósofo compilou em sua “suma teológica” a massiva doutrina cristã, imbuída de uma explicação racional. Aliás, o autor criou nessa obra um argumento que apresenta cinco razões que seriam a prova da existência de Deus. Diferentemente de Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino confere uma margem de manobra maior para o homem alcançar a salvação por meio da “teoria do livre-arbítrio”, ou seja, através da sua própria razão e das suas obras individuais ao longo da vida.
Curtiu esse resumo sobre filosofia medieval? Na nossa seção de literatura, temos um artigo que menciona os livros da Idade Média. Que tal conferir?