Filosofia grega

filosofia grega

A filosofia grega foi um ramo do conhecimento desenvolvido na Grécia Antiga, a partir do século VII a.C. Neste artigo, você verá o contexto histórico do seu surgimento, o seu principal conceito e as suas diferentes correntes. Então, continue com a leitura para descobrir!

Contexto histórico da filosofia grega

Primeiramente, o surgimento das cidades-estado (pólis) na Grécia Antiga propiciou um expressivo crescimento urbano na região. Destacaram-se aqui Atenas, Esparta, Tebas e Corinto. Nesse sentido, desenvolveram-se novas formas de organização social e política. A saber, a mais célebre foi a democracia ateniense. Nesse regime, os homens decidiam o destino da cidade por meio do voto e debatiam publicamente nas praças (ágoras). Desse modo, essa característica fomentava o pensamento crítico dos cidadãos.

Outro fator que merece menção foi o desenvolvimento da escrita no século VII a.C. Logo, a consolidação do alfabeto grego permitiu o fortalecimento do escrito perante o oral, o que culminou diretamente na proclamação de leis escritas. Assim, a ascensão de uma cultura letrada influenciou fortemente a discussão filosófica na região. Além disso, ela permitiu um maior acesso às obras literárias do passado, aspecto potencializado pelo aumento do volume de trocas comerciais entre as cidades gregas.

Conceito de filosofia

Sobretudo, a filosofia grega nasce com a vontade de explicar os fenômenos da natureza e da existência por meio da razão (“logos’), também conhecida como “consciência filosófica”, e não do pensamento mitológico (“mythos”). A própria etimologia da palavra “filosofia” quer dizer “amor ao conhecimento”. Ademais, esse pensamento se desenvolveu concomitantemente com o fortalecimento de vários saberes, tais como:

  • medicina;
  • história;
  • tragédia;
  • comédia;
  • geografia;
  • matemática.

O filósofo grego de maior destaque foi o ateniense Sócrates (470-399 a.C). Em suma, tamanha foi a sua importância que os acadêmicos utilizam a sua vida como eixo de divisão dos períodos filosóficos, como você verá a seguir.

Pré-socráticos (séculos VII-V a.C)

Como dissemos anteriormente, a filosofia nasceu pelo desejo de explicar racionalmente o funcionamento da natureza (“physis”). Logo, os primeiros filósofos buscavam entender a lógica dos quatro elementos (terra, ar, fogo e água). O pensador que mais se destacou nesse sentido foi Tales de Mileto (624-545 a.C), da Escola Jônica.

Outros eixos de interesse dos pré-socráticos foram a busca da “arché” — a origem de todas as coisas — e o entendimento sobre o tempo, o movimento, a contradição e a identidade. A título de exemplo, podemos citar outros filósofos que marcaram essa corrente: Parmênides, Demócrito, Heráclito, Pitágoras e Anaximandro.

Na passagem do século VI ao V a.C, destacaram-se ainda os sofistas. Eles eram professores que dominavam a arte da oratória e ensinavam na ágora. Desse modo, o método sofista envolvia instruir os alunos a vencer os adversários em um debate retórico, sempre em busca do argumento perfeito, mesmo que isso relativizasse o conceito de “verdade”. Um expoente desse segmento foi Protágoras (481-411 a.C).

Socráticos (séculos V-IV a.C)

Esse foi o período clássico da filosofia grega. Representada por Sócrates, Platão e Aristóteles, essa corrente avançou as reflexões pré-socráticas e ampliou o seu escopo para questionamentos sobre os sistemas políticos e as relações humanas. Em especial, sobre a atuação do cidadão grego na pólis.

Sócrates

O filósofo ateniense Sócrates é considerado o “pai da filosofia”. Ele não escreveu nenhuma obra que tenha chegado à posteridade, sendo que os seus ensinamentos foram transcritos pelos seus discípulos.

O método filosófico socrático consistia em chegar às verdades universais por meio de perguntas ao seu interlocutor, nas quais se exploravam diversas situações e hipóteses da realidade humana. Portanto, esse procedimento ficou conhecido como Maiêutica, o qual era bastante marcado pelas capacidades de ironia e refutação.

Acima de tudo, Sócrates empregou em sua discussão filosófica um profundo antropocentrismo no qual privilegiava os homens em detrimento dos deuses gregos. Assim, percebe-se aqui claramente a valorização do “logos” em prejuízo do “mythos”. Esse posicionamento, reforçado com o seu ceticismo frente à ideia de autoridade, foi um dos argumentos que embasou a pena de morte imposta a ele pela democracia de Atenas.

Platão

Outro membro relevante da filosofia grega clássica foi o ateniense Platão (428-348 a.C), que foi discípulo de Sócrates. De fato, este último era o protagonista das obras platônicas, nas quais difundia o seu pensamento. Essa característica peculiar torna bastante difícil discernir os pensamentos dos dois autores.

A filosofia de Platão teve como marca a “Teoria das Formas ou Ideias”. Para o autor, as coisas abstratas e imateriais (ideias) teriam grande valor, substância e seriam imutáveis. Por outro lado, o mundo material “dos sentidos” seria mutável e dependente do mundo das ideias. A busca pelo esclarecimento e pelo alcance do mundo abstrato, que ultrapassa o dos sentidos, é representada na famosa Alegoria da Caverna.

Ademais, Platão também produziu uma profunda reflexão sobre a filosofia do poder, principalmente no livro “A República”. Para o autor, a política deveria ter como princípio a realização do bem comum, na qual cada cidadão teria uma função na pólis. A saber, Platão aponta que os filósofos seriam os mais capacitados para governá-la. Nesse sentido, ele distingue três formas puras e três formas impuras de governo:

  • democracia (governo de todos) pode degenerar em anarquia (desordem);
  • aristocracia (governo dos melhores — a favorita de Platão) pode degenerar em oligarquia (governo de poucos incapazes);
  • monarquia (governo de um bom rei) pode degenerar em tirania (governo de um ditador).

Aristóteles

Por fim, o terceiro autor desta corrente foi Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão. Esse filósofo tinha um entendimento divergente do “mundo platônico das ideias”. Para Aristóteles, o conhecimento deveria ser alcançado por meio dos sentidos e da experiência. Assim, ele teve como marca uma abordagem filosófica empirista e baseada na lógica.

A sua pregação itinerante pelas cidades lhe rendeu a alcunha de líder da Escola Peripatética. Em suma, o método aristotélico consistia em ensinar ao ar livre aos estudantes, de maneira semelhante à feita por Sócrates. Assim, ele se contrapunha a Platão, o qual favorecia a ideia de “Academia” (como a de Atenas), ou seja, uma instituição restrita.

Outro aspecto em que ele divergia de Platão era que, diferentemente do seu mestre, considerava a democracia como o melhor dos governos. Aristóteles identificava o homem como um “animal político” que deveria utilizar a ética e a justiça como princípios organizadores da pólis.

Pós-socráticos (séculos IV a.C – III d.C)

O surgimento da filosofia pós-socrática coincide com a decadência das cidades-estado gregas frente ao poderio macedônio de Filipe e Alexandre, o qual inaugurou o Helenismo. Posteriormente, ela também se situaria no contexto do fortalecimento da República Romana.

Nesses séculos, valorizou-se como eixo de discussão filosófica a metafísica e o debate sobre o significado da felicidade. Destacaram-se diferentes escolas de pensamento, tais como:

  • Estoicismo: ideia de que a virtude e a indiferença ao mal levam à felicidade. Representantes: Zenão de Cítio, Sêneca e Marco Aurélio.
  • Epicurismo: entendimento de que o prazer leva a pessoa à felicidade. Representantes: Epicuro e Horácio.
  • Ceticismo: a felicidade seria encontrada em uma vida sem julgamentos e em um contexto de questionamento de dogmas. Representante: Pirro de Élis.
  • Cinismo: valorização da vida simples e desprezo dos bens materiais. Representantes: Antístenes e Diógenes.

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