Competência 1 da redação do ENEM

Competência 1 da redação do ENEM

Para mandar bem na produção escrita do Exame Nacional do Ensino Médio, é essencial dominar a Competência 1 da redação do ENEM.

Neste resumo, você vai conferir o que é esta competência, quais os seus critérios linguísticos, o escalonamento da redação, dicas de escrita e um exemplo de texto que atingiu a nota máxima nesta categoria. Assim, continue com a leitura para descobrir.

Competência 1 da redação do ENEM: regras

De antemão, a correção da redação do ENEM tem como base cinco competências, com cada uma delas valendo 200 pontos. Segundo a Cartilha do INEP disponibilizada no ano passado, a primeira competência do candidato a ser avaliada é a seguinte: “Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa”.

Logo, este critério se refere à demonstração do domínio da norma culta da língua portuguesa, aplicada à escrita. Assim exige-se que o candidato se expresse de maneira clara, coesa e coerente. Isso significa apresentar os seus argumentos na redação sem erros de português.

Critérios linguísticos da Competência 1

Especificamente, para pontuar 200 pontos na Competência 1 da redação do ENEM, o estudante deverá atentar para os seguintes quesitos:

  • Gramática: regência verbal e nominal; tempos e modos verbais; concordância verbal e nominal; pronomes; pontuação; paralelismo sintático.
  • Convenções de escrita: acentuação; uso do hífen; regras ortográficas (foco no Novo Acordo Ortográfico); separação silábica; correta utilização de letras maiúsculas e minúsculas.
  • Registro: não-utilização de linguagem informal, vícios de linguagem ou traços de oralidade, ou seja, adequação à escrita formal.
  • Vocábulo: emprego de palavras no sentido correto e apropriadas ao seu contexto de utilização, sem repetição.

Escalonamento da correção

Ademais, a Matriz de Referência na Cartilha do INEP introduz os diferentes níveis de performance possível a serem atingidos pelo estudante na Competência 1 da redação do ENEM:

  • 200 pontos: demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizarem reincidência.
  • 160 pontos: demonstra bom domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita.
  • 120 pontos: demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita.
  • 80 pontos: demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da língua portuguesa, com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.
  • 40 pontos: demonstra domínio precário da modalidade escrita formal da língua portuguesa, de forma sistemática, com diversificados e frequentes desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.
  • 0 pontos: demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Enfim, os erros mais comuns registrados nas redações do ENEM se referem à: crase indevida; vírgulas erradas; infrações sobre a necessidade de letra maiúscula ou minúscula; translineação; concordância verbal e nominal; truncamento de períodos; colocação pronominal; justaposição ou separação de orações; falta de organização sintática.

Dicas para desenvolver a Competência 1

Em primeiro lugar, para totalizar os pontos da Competência 1 da redação do ENEM, é importante compreender a proposta cobrada na prova. Ou seja, ler atentamente o texto motivador e o tema apresentado.

Por outro lado, a comprovação do domínio da regra culta da língua portuguesa se dará por meio da construção de orações claras com períodos e sintagmas estruturados, assim como a correta utilização de conectivos para a concatenação das suas ideias.

Desse modo, é essencial que o estudante redija um texto que não seja truncado e que proporcione uma leitura fluída aos corretores. Nesse sentido, uma dica fundamental é fazer o rascunho da redação antes da escrita final e revisá-la cuidadosamente por muitas vezes.

Sobretudo, em relação à preparação anterior, o candidato precisará redigir muitas redações nos meses prévios à prova para identificar os seus erros de português mais frequentes. Então, mesmo que a parte objetiva do Exame cobre muito pouco questões de gramática, ortografia e sintaxe, é essencial estudar e dominar essas áreas da língua portuguesa. Igualmente, ter o hábito constante da leitura é sempre uma ferramenta para desenvolver esse conhecimento.

Exemplo de Redação Nota 1000

Por fim, apresentamos a seguir um texto que tirou nota mil no Exame Nacional do Ensino Médio, ou seja, necessariamente atingiu 200 pontos na Competência 1 da redação do ENEM. A saber, ele foi produzido pelo aluno Luís Felipe de Brito a partir do tema proposto “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”:

“O poeta modernista Oswald de Andrade relata, em “Erro de Português”, que, sob um dia de chuva, o índio foi vestido pelo português – uma denúncia à aculturação sofrida pelos povos indígenas com a chegada dos europeus ao território brasileiro. Paralelamente, no Brasil atual, há a manutenção de práticas prejudiciais não só aos silvícolas, mas também aos demais povos e comunidades tradicionais, como os pescadores. Com efeito, atuam como desafios para a valorização desses grupos a educação deficiente acerca do tema e a ausência do desenvolvimento sustentável. Diante desse cenário, existe a falta da promoção de um ensino eficiente sobre as populações tradicionais. Sob esse viés, as escolas, ao abordarem tais povos por meio de um ponto de vista histórico eurocêntrico, enraízam no imaginário estudantil a imagem de aborígenes cujas vivências são marcadas pela defasagem tecnológica.

A exemplo disso, há o senso comum de que os indígenas são selvagens, alheios aos benefícios do mundo moderno, o que, consequentemente, gera um preconceito, manifestado em indagações como “o índio tem ‘smartphone’ e está lutando pela demarcação de terras?” – ideia essa que deslegitima a luta dos silvícolas. Entretanto, de acordo com a Teoria do Indigenato, defendida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o direito dos povos tradicionais à terra é inato, sendo anterior, até, à criação do Estado brasileiro.

Dessa forma, por não ensinarem tal visão, os colégios fomentam a desvalorização das comunidades tradicionais, mediante o desenvolvimento de um pensamento discriminatório nos alunos. Além disso, outro desafio para o reconhecimento desses indivíduos é a carência do progresso sustentável. Nesse contexto, as entidades mercadológicas que atuam nas áreas ocupadas pelas populações tradicionais não necessariamente se preocupam com a sua preservação, comportamento no qual se valoriza o lucro em detrimento da harmonia entre a natureza e as comunidades em questão.

À luz disso, há o exemplo do que ocorre aos pescadores, cujos rios são contaminados devido ao garimpo ilegal, extremamente comum na Região Amazônica. Por conseguinte, o povo que sobrevive a partir dessa atividade é prejudicado pelo que a Biologia chama de magnificação trófica, quando metais pesados acumulam-se nos animais de uma cadeia alimentar – provocando a morte de peixes e a infecção de humanos por mercúrio. Assim, as indústrias que usam os recursos naturais de forma irresponsável não promovem o desenvolvimento sustentável e agem de maneira nociva às sociedades tradicionais.

Portanto, é essencial que o governo mitigue os desafios supracitados. Para isso, o Ministério da Educação – órgão responsável pelo estabelecimento da grade curricular das escolas – deve educar os alunos a respeito dos empecilhos à preservação dos indígenas, por meio da inserção da matéria “Estudos Indigenistas” no ensino básico, a fim de explicar o contexto dos silvícolas e desconstruir o preconceito. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento – pasta instituidora da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – precisa fiscalizar as atividades econômicas danosas às sociedades vulneráveis, visando à valorização de tais pessoas, mediante canais de denúncias”.

Gostou deste resumo sobre a Competência 1 da redação do ENEM? Então, confira também as nossas dicas sobre os argumentos-coringa na produção textual.

 

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