Quinhentismo

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A corrente literária do Quinhentismo é uma importante manifestação cultural que narra os primórdios da história do Brasil Colônia. Neste resumo, você vai descobrir o contexto histórico, as características e as principais obras e autores quinhentistas. Logo, prossiga com a leitura para conferir.

Contexto histórico do Quinhentismo

Naturalmente, a literatura quinhentista tem o seu nome derivado do século em que surgiu (XVI). Assim, essa corrente esteve intrinsecamente ligada aos fatos históricos relacionados às Grandes Navegações. Ou seja, da descoberta e da conquista dos povos americanos feitas pelos países europeus. Sobretudo, ela foi a primeira manifestação literária no Brasil.

Embora a dualidade entre metrópole e colônia seja um tema de destaque nessa literatura, é fato que a colonização portuguesa no Brasil se iniciou somente em 1530, sob a liderança de Martim Afonso de Souza. Logo, a real ocupação do território brasileiro começou trinta anos após a empreitada de Pedro Álvares Cabral.

Por outro lado, a religião foi outro elemento relevante que influenciou este contexto histórico. A Contra-Reforma católica, movimento reativo à Reforma Protestante na Europa, teve como objetivo consolidar a autoridade da Igreja no mundo e reforçar a sua doutrina. Dessa maneira, a conquista e a “salvação das almas” dos índios americanos surgiu como uma excelente oportunidade para a aplicação dessa diretriz eclesiástica.

Assim, essa mentalidade levou à criação da Companhia de Jesus em 1534 por Inácio de Loyola. Em suma, os membros dessa ordem religiosa jesuítica seriam uns dos protagonistas da colonização no Brasil, os quais foram os responsáveis pela conversão e pela catequização dos indígenas.

Literatura de informação

De antemão, o Quinhentismo tem como característica a apresentação de uma narrativa descritiva das “terras descobertas” para os seus leitores europeus. Ou seja, ela narra de forma eurocêntrica a percepção que os primeiros descobridores e colonizadores tiveram sobre a terra, o clima e os indígenas que habitavam o Brasil. Nesse sentido, os seus principais autores foram viajantes, missionários e cronistas oriundos da Europa.

Desse modo, podemos perceber a utilização de alegorias e percepções culturalmente estabelecidas nessa “literatura de viagem”, em especial a de que os indígenas seriam selvagens que precisariam ser conquistados e ter as suas almas salvas pelos conquistadores portugueses. Por outro lado, as suas obras apresentam uma visão idílica do Brasil, na qual o território seria povoado por “gentios inocentes” e composto por “infinitas belezas naturais comparadas ao Éden bíblico”.

Além disso, os textos produzidos nesse período foram utilizados para informar e entreter a população europeia, principalmente a elite, sobre as novas terras descobertas e as riquezas que poderiam ser exploradas. Assim, essa literatura também teve a função de justificar a colonização portuguesa no Brasil e de propagar a fé cristã.

Carta de Caminha

Certamente, a Carta de Pero Vaz de Caminha em 1500 é o marco inicial da literatura quinhentista. Como o autor era escrivão-mor e integrou a frota de Cabral, ele nos ofereceu a melhor descrição disponível sobre o primeiro contato entre a missão portuguesa e os indígenas em Porto Seguro.

Este documento teve o rei português Dom Manuel como destinatário e apresenta uma interessante perspectiva acerca da visão europeia católica sobre o índio brasileiro, como você pode verificar no trecho abaixo:

“E, segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, senão entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu a todos que nenhuma idolatria, nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar, porque já então terão mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados, que aqui entre eles ficam, os quais, ambos, hoje também comungaram”.

Obras e autores

  • “História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil” (1576) – Pero de Magalhães Gândavo
  • “Carta a el-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil” (1500) – Pero Vaz de Caminha
  • “Duas viagens ao Brasil” (1557) – Hans Staden
  • “A carta de mestre João Faras” (1500) – João Faras
  • “Relação do piloto anônimo” (1507) – Fracanzano da Montalboddo
  • “Diário de navegação” (1530) – Pero Lopes e Sousa
  • “Tratado descritivo do Brasil” (1587) – Gabriel Soares de Sousa
  • “Diálogos das grandezas do Brasil” (1618) – Ambrósio Fernandes Brandão
  • “Viagem à terra do Brasil” (1578) – Jean de Léry

Literatura de catequese

Como foi dito anteriormente, o espírito missionário católico influenciou grande parte dos autores do Quinhentismo, em especial os padres jesuítas. Desse modo, o segmento quinhentista dotado dessa característica é denominado “literatura de catequese ou de formação”, o qual é expresso por pequenos livros, crônicas, sermões, poemas e peças de teatro. Em suma, a literatura de catequese quinhentista tinha um profundo teor pedagógico e moral, assim como um refinamento estético definido.

Sobretudo, podemos destacar a obra de José de Anchieta como representante dessa vertente. Em diversos escritos, esse jesuíta espanhol promoveu a catequização dos indígenas, denunciou a violência dos colonizadores portugueses e estruturou uma gramática da língua tupi, a fim de facilitar a conversão dos seus povos. Nesse sentido, é possível identificar a estratégia de demonização do culto indígena em prol do projeto proselitista católico.

Ademais, outro autor quinhentista de destaque foi o jesuíta Manuel da Nóbrega. Líder da primeira missão da Companhia de Jesus no Brasil em 1549, esse padre teve importante atuação histórica ao participar da fundação das cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Além disso, ele também produziu obras significativas acerca da descrição dos povos indígenas e os seus hábitos (inclusive temas polêmicos como a poligamia e o canibalismo).

Obras e autores

  • “Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil” (1595) – José de Anchieta
  • “Poema à Virgem” (1563) – José de Anchieta
  • “Auto da festa de São Lourenço” (1583) – José de Anchieta
  • “Informação da Terra do Brasil” (1549) – Manuel da Nóbrega
  • “Diálogo sobre a conversão do gentio” (1557) – Manuel da Nóbrega
  • “Tratado contra a Antropofagia” (1559) – Manuel da Nóbrega
  • “Tratados da Terra e da Gente do Brasil” (1583) – Fernão Cardim

Para concluir, a literatura quinhentista contribuiu para a formação da identidade brasileira ao registrar aspectos da cultura e da sociedade do país no período colonial. Além disso, ela serviu como base para a literatura posterior que se desenvolveu no Brasil, o que influenciou autores importantes como Frei Vicente de Salvador, Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos.

Gostou deste resumo sobre o Quinhentismo? Então, confira também o nosso material produzido sobre o Naturalismo na seção de resumos de literatura.

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