Um dos principais eixos de investigação filosófica nas ciências humanas é a relação estabelecida entre os conceitos de moral e ética.
Neste resumo, você vai conhecer a diferença entre esses dois conceitos, assim como a sua aplicação por diferentes correntes filosóficas. Logo, continue com a leitura para conferir.
Conceitos de moral e ética
Moral
Primeiramente, cabe ressaltar que a moral é um termo historicamente constituído. Ou seja, ela possuiu diferentes acepções ao longo dos séculos e foi apropriada por diversas culturas. A palavra como a entendemos atualmente deriva da expressão latina mores, a qual se refere a “costumes”.
Contudo, além do entendimento da moral enquanto conjunto de costumes, ela também representa um padrão aceitável de valores e comportamentos em uma cultura. Naturalmente, essa característica construiu normas específicas ao longo da história, as quais orientaram a ação dos indivíduos e puniram os costumes considerados divergentes.
Vejamos um exemplo prático. Por muitos séculos, o divórcio foi considerado um pecado e uma imoralidade nas sociedades ocidentais, de cultura judaico-cristã. Atualmente, a dissolução de um casamento é cada vez mais comum e regulada pela lei civil de um país, não sendo mais majoritariamente vista como algo imoral.
Sobretudo, podemos perceber que a moral sofre uma influência grande dos valores religiosos de uma sociedade. Inclusive, pode-se falar de uma ideia de “moral religiosa” que rege indivíduos e grupos.
Filosofia moral
Como dissemos anteriormente, a moral foi apropriada de diferentes formas ao longo da história. Da mesma forma, ela foi objeto de reflexão filosófica por diversos pensadores. A título de exemplo, citemos agora dois casos opostos: Nietzche e os autores cristãos.
De antemão, a moral cristã é baseada na Bíblia e na tradição preservada pelas autoridades eclesiásticas ao longo da história. Assim, podemos elencar a contribuição dos autores medievais Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino para esse conjunto de costumes instituídos. Desse modo, esses pensadores articularam e dissertaram sobre conceitos como:
- pecados e virtudes;
- livre-arbítrio;
- bem e mal;
- predestinação;
- pecado original;
- graça de Deus.
Por outro lado, o filósofo moderno Friedrich Nietzche buscou séculos mais tarde desconstruir os princípios da moral cristã. De fato, o autor criticava a defesa da pobreza e da humildade cristãs, assim como a continência moral e sexual. Para Nietzche, seria saudável que a humanidade valorizasse os seus “instintos animais” como os impulsos, a força e as paixões naturais. Logo, ele propõe uma filosofia antropocêntrica que ultrapassa a ideia de bem e de mal.
Ética
Ademais, vejamos agora o segundo elemento da relação entre moral e ética. O campo ético agrega os princípios fundamentais e universais do comportamento humano individual. Esse ideal é expresso na origem etimológica grega da palavra: ethos, referente aos hábitos e ao lugar em que se habita. Ou seja, uma reflexão sobre a ação humana.
Enfim, a ética versa sobre os princípios motores desse comportamento. Por exemplo, ela sustenta o debate sobre o que seria justo ou injusto em um contexto, ou certo, ou errado. Nesse sentido, a ética tem uma decisiva aplicação contemporânea, principalmente no meio corporativo (deontologia) e na discussão sobre o manejo dos recursos públicos em um país.
Filosofia ética
A ética é outro campo privilegiado da filosofia. Por exemplo, podemos citar a contribuição dos filósofos gregos Sócrates, Platão e Aristóteles para este objeto de estudo. Nesse sentido, a justa avaliação dos conceitos de felicidade e de virtude baliza a análise desses autores, os quais buscaram compreender qual seria a forma mais correta de um cidadão atuar em sua pólis.
Além disso, outro autor que analisou com propriedade as ideias da ética foi Immanuel Kant. Segundo esse filósofo, cada indivíduo possui uma “bússola interna de valores” que guiaria a sua conduta, também conhecida como “imperativo categórico”. Assim, o princípio ético kantiano se resume em três eixos:
- a ação individual é uma lei universal da natureza;
- a humanidade é o fim de todas as ações e nunca o meio (crítica ao utilitarismo);
- a ação correta deve se guiar pelo dever e pelo uso da razão.
Conclusão
Certamente, a relação entre moral e ética nem sempre é cristalina, pois elas podem ser interpretadas como sinônimas a depender do contexto do debate. Porém, é fato que o caráter mais particular e cultural da moral e o mais universal da ética são parâmetros indispensáveis a se considerar na reflexão filosófica.
Por fim, também vale a pena relembrar o aspecto normativo como o diferencial desses conceitos. Ao passo que a moral constrói regras referentes aos modos de agir, a ética rege os princípios que consolidariam uma convivência justa e harmônica na sociedade.
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