Um dos principais conceitos contemporâneos na sociologia é o de “modernidade líquida”. Neste resumo, você vai conferir qual o sentido dessa ideia e o seu impacto sobre as redes sociais, a globalização e a democracia. Dessa maneira, prossiga com a leitura para descobrir.
O que é modernidade líquida?
Primeiramente, este conceito foi criado pelo sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017). A saber, ele representa a ideia de que atualmente as relações sociais são mais frágeis, efêmeras e fluidas do que no passado, com forte tendência imediatista e individualista. Assim, o autor aponta que as relações sociais no século XX eram sólidas e coletivas, com base em ideologias e conceitos como:
- família;
- ordem;
- moral;
- tradição;
- solidariedade;
- Igreja;
- Estado.
Contudo, a transição do modelo sólido ao líquido teria se iniciado a partir do término da Segunda Guerra Mundial em 1945 e se consolidado com o fim da Guerra Fria em 1991. Além disso, o advento de novas tecnologias gerou uma “crise das narrativas”. Nesse sentido, teria se iniciado um processo histórico marcado pela incerteza, pela imprevisibilidade e por uma modernidade definida a partir da decadência das suas principais instituições.
Pós-modernismo
Entretanto, cabe uma ressalva muito importante sobre este tema. O conceito de modernidade líquida difere do de “pós-modernismo” utilizado por autores como Michel Foucault e Jacques Derrida.
De fato, Bauman buscou estabelecer uma análise sobre uma diferente fase da era moderna e não sobre um período posterior a essa modernidade. Por outro lado, o sociólogo polonês também rejeita a interpretação excessivamente relativista característica da perspectiva pós-moderna.
Redes sociais
Certamente, a popularização das redes sociais pelo mundo contribuiu para o desenvolvimento da modernidade líquida e da “sociedade em rede”. Embora tenham mecanismos virtuais que facilitem a comunicação com outras pessoas, é fato que elas operam em uma lógica de superficialidade.
Assim, esse aspecto promove a ostentação e o consumo exagerado, além de incentivar relacionamentos pessoais frágeis e instáveis. Sobretudo, o aumento dos casos de isolamento, de depressão e de suicídio está estatisticamente associado a esse fenômeno.
Ao analisarmos esse problema a nível cognitivo, podemos identificar amizades essencialmente virtuais que valorizam a fragmentação de comunidades e criam “câmaras de eco” nas quais as pessoas apresentam as suas opiniões somente para indivíduos do mesmo tipo de pensamento.
Globalização e capitalismo na modernidade líquida
A modernidade líquida descrita por Bauman também traz uma grande crítica às características do processo de globalização. A saber, o sociólogo polonês parte de uma interpretação com origens no “humanismo marxista”, na qual aponta que a lógica de consumo do capitalismo global trata as pessoas como mercadorias.
Desse modo, segundo a perspectiva do autor, o indivíduo se tornaria um consumidor em detrimento da sua existência enquanto cidadão. Isso significa uma adesão consciente ou inconsciente ao ideal da busca individual pelo sucesso, a qual pode ser um subterfúgio para o avanço da iniciativa privada sobre o Estado e para a precarização das relações de trabalho.
Crise na democracia
Por fim, segundo Bauman, a fluidez característica da modernidade líquida aliada com o alcance das redes sociais abarca elementos que podem colocar em xeque os sistemas democráticos. Assim, a população estaria mais receptiva a eleger governos de formato populista e autoritário. Logo, podemos citar os seguintes fenômenos como componentes desse cenário:
- desconfiança da população frente à classe política;
- multiplicação de fake news nas redes sociais;
- espetacularização das eleições;
- decadência das formas tradicionais de comunicação política.
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