O conceito de cultura é bastante debatido nas ciências humanas como a sociologia, a antropologia, a filosofia, a história e a geografia. A saber, ele foi historicamente apropriado e ressignificado em cada civilização.
Neste resumo, você vai conhecer o que é esse conceito, qual é a sua aplicação, quais são os seus principais tipos e como os cientistas sociais o interpretam. Assim, prossiga com a leitura para conferir.
Sobre o conceito de cultura
Tradicionalmente, considera-se que a cultura é o conjunto de costumes, normas, histórias, crenças, símbolos, rituais, práticas, tradições e comportamentos que caracterizam a identidade de uma sociedade. Desse modo, ela representa a interpretação sobre as relações sociais de um povo, tendo em consideração como ele próprio se define e também como enxerga outros grupos. Em suma, segundo o antropólogo Roque de Barros Laraia:
“O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada cultura. Graças ao que foi dito acima, podemos entender o fato de que indivíduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados por uma série de características, tais como o modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar a evidência das diferenças linguísticas, o fato de mais imediata observação empírica” (LARAIA, Roque de Barros. Cultura, um conceito antropológico. Rio de janeiro: Zahar, 1986, p. 68).
Tipos de cultura
Sobretudo, vale destacar que a cultura é um conceito diverso que varia regionalmente e historicamente. Logo, uma prática cultural vigente em um país pode não ser em outro. Por exemplo, a personalidade acolhedora do povo brasileiro não se repete na maioria dos países da Europa, os quais têm a população mais formal e reservada.
Além disso, essa mesma característica da cultura brasileira não existe na mesma intensidade que existia no passado, devido a inúmeras razões sociopolíticas. Assim, ela está em constante mudança. De fato, o questionamento de valores de uma ordem social vigente pode gerar movimentos de “contracultura”, os quais futuramente substituirão o paradigma atual por novos valores, a depender de cada civilização.
Ademais, a estrutura cultural é heterogênea dentro de uma mesma sociedade, a qual pode abrigar diferentes práticas culturais, sejam elas majoritárias ou minoritárias, coexistentes ou conflitantes. A seguir, você vai conferir quais são os principais tipos de cultura estudados pelas ciências humanas.
1) Popular
A manifestação popular da cultura é um termo amplo e complexo. Ele se refere aos costumes, tradições, saberes e atividades praticadas ativamente pela maioria dos indivíduos de uma população, o que configuraria uma característica geral da própria sociedade.
A cultura popular tem uma natureza orgânica e espontânea, muito ligada à linguagem oral de um povo. Por exemplo, no campo musical brasileiro, podemos citar os gêneros do samba e do sertanejo como representantes dessa manifestação. Na seara literária, destaca-se aqui a literatura de cordel.
2) Erudita
O conceito de cultura erudita se encontra em campos culturais específicos e restritos, nos quais a sua manifestação tem a tendência de ser altamente especializada. Assim, ele geralmente não tem o apreço da maioria da população devido a motivos sociais e econômicos. Podemos citar como exemplos:
- música clássica;
- cinema cult;
- alta literatura;
- teatro.
Porém, vale lembrar que os padrões culturais e estéticos mudam ao longo da história, como dissemos anteriormente. Assim, uma prática considerada erudita atualmente pode ter sido popular no passado, e vice-versa.
3) Material
Nessa categoria, incluem-se os patrimônios históricos e culturais de uma civilização. Eles podem ser identificados a partir de elementos concretos e materiais, ou seja, aspectos que são palpáveis.
A saber, eles se dividem em bens móveis (obras de arte; objetos expostos em museus e exposições; artefatos característicos como roupas e utensílios) e bens imóveis (elementos arquitetônicos de destaque; centros históricos; sítios arqueológicos).
4) Imaterial
Por outro lado, o conceito de cultura imaterial não é palpável, mas abstrato e intangível. Ele representa a totalidade dos saberes, tradições e costumes transmitidos de geração a geração. As suas principais manifestações culturais são:
- danças;
- folclore;
- rituais;
- gastronomia;
- festivais populares;
- feiras;
- linguagem.
5) De massa
O conceito de cultura de massa indica o consumo em série de “bens culturais” por grande parte da população. Esse fenômeno se iniciou com a Revolução Industrial no século XIX e posteriormente atingiu o seu auge nos séculos seguintes com a popularização do cinema e da internet.
Um conceito bastante utilizado para interpretar essa categoria é o de “indústria cultural”. Aqui, as atividades culturais são encaradas como um produto, a partir de uma lógica de negócio massificado. Nesse sentido, esse aspecto evidencia o crescimento vertiginoso das consequências da globalização pelo mundo.
6) Corporal
O modo com que a sociedade interpreta e manipula as expressões corporais tem uma explicação fortemente cultural. Aqui se inserem principalmente as práticas sexuais, a dança, os jogos, os esportes, as lutas e a mímica. Logo, pratica-se frequentemente essa expressão nas aulas de educação física nas escolas.
7) Organizacional
A cultura também se manifesta em um contexto corporativo de uma organização, como uma empresa. Assim, cada instituição tem a sua história, o seu conjunto de valores, as suas tradições e uma forma de agir inserida em seu mercado ou setor de atuação. Dessa maneira, dá-se a esse sistema o nome de cultura organizacional.
Etnocentrismo e relativismo cultural
Em suma, existem duas abordagens ao se interpretar um contexto com mais de uma cultura. Primeiramente, o etnocentrismo prega a valorização de um povo específico, inserido em uma lógica de hierarquização de culturas, na qual uma seria mais avançada ou civilizada do que a outra. Sobretudo, esse posicionamento foi elaborado por autores como Herbert Spencer (1820-1903) e Edward Tylor (1832-1917).
Por outro lado, o relativismo cultural prega que devemos analisar cada cultura a partir de suas próprias características. Assim, não procederiam quaisquer análises comparativas entre culturas que não tivessem princípios relativistas como seu fundamento. Podemos citar como expoentes dessa abordagem os teóricos Franz Boas (1858-1942) e Claude Lévi-Strauss (1908-2009).
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